sexta-feira, 26 de julho de 2013

A eterna segunda visita

Sempre depois de um momento de muita felicidade, demasiada satisfação, de pensar "tudo está dando tão certo!", vem aquele vento - chamaria assim - que traz tristeza, inquietação e dor, o qual acarreta em desgastes, principalmente mentais. É aí,então, que você vê a necessidade de colocar em prática aquele exercício de análise pessoal e indaga: "se antes estava tão bem, por que agora tudo simplesmente virou?".
Começa o momento no qual você, digamos, passa a fazer uma introspecção, que, de acordo com o Dicionário Online de Português, "é uma análise íntima e reflexiva que uma pessoa faz sobre si mesma; exame profundo acerca de suas próprias experiências ou daquilo que ocorre de modo íntimo".
Pode ter sido você quem fez algo para as coisas mudarem de maneira rápida ou fizeram para você, não importa, a questão é: não está mais como antes. As coisas mudam, óbvio, mal nascemos e essa frase já vem quase como um "bem-vindo ao mundo". Só que eu estou falando aqui de troca, de dois momentos que nunca mudam, apenas invertem as posições: a tristeza e a felicidade. Bem mais especificamente da reflexão pessoal que vem junto com a tristeza. Sim, junto com a tristeza, pois, em algumas análises sobre estado de espírito feitas por mim após esses "ventos", cheguei à conclusão que em estado de felicidade quase ninguém consegue (ou vê necessidade) de realizar análises pessoais. Afinal, "pra quê, né?".

É como pode ser interpretado na letra de uma música do Nando Reis, chamada Mantra.
Ao escrever:

"Quando estiver com tudo
Lã, cetim, veludo
Espada e escudo
Sua consciência
Adormecerá!"

Nando descreve perfeitamente o que estou colocando em questão, quando estamos com tudo, adormecemos e pouco conhecemos a nós.
Esse anterior é o segundo verso da canção, e este é o primeiro:

"Quando não tiver mais nada
Nem chão, nem escada
Escudo ou espada
O seu coração
Acordará!... "

ACORDAR... Feliz ou infelizmente só conhecemos bem a nós mesmos - só acordamos para nós - na tristeza, quando perdemos coisas; é preciso passar por ela para descobrirmos do que gostamos, queremos, faremos.

Ontem mesmo uma amiga perguntou: "tu és feliz?", a minha resposta foi mais ou menos "eu tenho tristeza e alegria, mas tento fazer os momentos serem mais de alegria". Não deixa de ser [a minha] verdade, não sei de você que está lendo. Há quem acredite que somos inteiramente tristes e temos alguns momentos felizes, já eu aposto nessa, como falei anteriormente, troca de posições.
Mesmo analisando mais a mim na tristeza, quem abre mão de ser feliz? Ninguém. Pelo menos ninguém que eu conheça.
Escrevo estando em um desses momentos de reflexão. Você pode estar em um desses também. E, se está, pode ser que depois dessa chamada por mim de "eterna segunda visita" que estamos fazendo a nós mesmos, e que acontece toda vez que um daqueles ventos que falei no começo do texto passa, sairemos com opiniões diferentes ou melhoradas daquelas que tínhamos quando entramos nesse momento.
O mais importante, acredito eu, nessas voltas para a eterna segunda visita é a aprendizagem pessoal que ajudará no crescimento individual.
Forçar uma tristeza para poder descobrir a si mesmo não é bem uma saída, mas já que estamos sujeitos à tristeza, o que resta é saber aproveitar esse momento ruim para analisar o que fazer e não fazer da próxima vez.
Ouvir suas músicas preferidas, distrair-se com filmes e com aquelas coisas que fazem você ir "levando esse momento" é importante também.
Concluo que o importante é começar a fazer o possível para retornar à inevitável eterna segunda visita disposto a entender mais sobre você, aprender a lidar com você mesmo.
Afinal, como diria o filósofo e escritor francês Blaise Pascal: "É indispensável conhecermo-nos a nós próprios; mesmo se isso não bastasse para encontrarmos a verdade, seria útil, ao menos para regularmos a vida, e nada há de mais justo".

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