domingo, 24 de maio de 2020

Geração paralisada?



Estamos no primeiro semestre do ano de 2020 e fomos surpreendidos com uma pandemia que modificou o mundo. Ninguém que sair vivo disso conseguirá ouvir falar de COVID-19 sem ter, no mínimo, um sentimento de instabilidade. Morte(s), sofrimento e descaso, esse seja por parte de autoridades públicas ou por cada cidadão que descumpre as orientações dos especialistas. Além disso, no Brasil, vivemos tempos sombrios com o aparelhamento militar do Estado e, com isso, o caminho para um golpe pelo atual Presidente, que só desgoverna.

“São tempos sombrios, não há como negar”, já diria Rufo Scrimgeour, o corajoso ministro da magia que conhecemos na saga Harry Potter.
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É, são tempos sombrios, especialmente nesse contexto, cujos reflexos de uma sociedade doente foram potencializados. A doença? A paralisação.

Não sei como a história contará que a sociedade que mais teve acesso à informação foi a que mais se perdeu, mas também não faço ideia de como ela pode se encontrar.

Toda vez que surge alguma dúvida e, após procurá-la no Google, obtenho a resposta em menos de 5 segundos, paro perplexa.  Consigo ter acesso a informações que, em tempos anteriores, pessoas pagavam seus milhares de dinheiros em consultoria especializada para obtê-las.

Apesar disso, por muitas vezes, não consigo evoluir muito a partir da pesquisa, guardo a informação em algum lugar do meu hipocampo e parto para próxima pesquisa. Nessa brincadeira de “procura-acha”, nada se solidifica. Após, com o excesso de informação, apenas paraliso. Estou com muito, mas também estou com nada.

Esse cenário impulsiona, ainda, o descrédito da ciência. Não há mais preocupação com a fonte da notícia e você consegue, a partir de apenas uma chamada de matéria – sequer a matéria inteira –, escrever fervorosamente 20 linhas sobre um suposto medicamento de cura. “Afinal, por que a notícia sem fonte que o tio mandou no WhatsApp não estaria certa e a ciência que estaria?” é o pensamento contumaz ultimamente, acredite.

Com a sensação de que temos tudo sob controle, bem aqui nas mãos, pensamos por um segundo ter a resposta para os problemas, mas a sensação logo cai por terra quando sequer sabemos que verdades estamos procurando, ou se há alguma verdade.

Pronto. A paralisação voltou. Lembro de tudo lá fora, observo minha confusão aqui dentro.

Estamos todos assim?

Como nós, imersos nessa bacia de emoções e de (des)informações, combateremos o que nos aflige?