terça-feira, 7 de setembro de 2021

Cada vez mais seletas(os)?

Virou moda esbravejar que só se pode contar com poucas pessoas. Falar - com um certo orgulho - que os amigos de verdade são contados nos dedos de uma das mãos.

Eu concordo que por trás dessa sentença existem inúmeras razões. A mais clássica: na balada e na bonança, todos com você; Na dor e nos momentos de angústia, pouquíssimos ou nenhum. E daí que na dor é que a gente começa a avaliar de forma mais intensa as importâncias da nossa vida e nossas certezas - a dor é lição.

Mas olha, eu confesso que tenho achado um porre essa mania cool de ser seleto. Gente seleta demais pra mim virou sinônimo de gente chata: traduz um pouco dessa coisa de adulto com preguiça de socializar.

Até entendo, sabe... Quantas vezes já bravejei: poucos e bons! Ser adulto é chato, dá trabalho mesmo. Na nossa realidade cotidiana de equilibrar trabalho, casa, contas, famílias e todo tipo de obrigação, não sobra muito pra gente compartilhar. Zero energia pra lidar com o outro, preguiça de fazer pelo outro. Então a gente simplifica, claro, começando POR QUEM vamos lutar.

Eternamente responsável por quem se cativa é o caceta, ô pequeno príncipe - assim pensamos.

É!

Mas um dia desses ouvi algo que ficou martelando aqui dentro, sobre desconfiar de quem não tem tantos amigos assim, ainda mais de longa data.

Isso com certeza mexeu em pontos delicados.

Em mim, em especial, caiu no ponto de análise em como a gente vai se desligando de muita gente no caminho pelas razões erradas - e não, esse texto não é sobre dar valor àqueles que maldosamente nos machucaram. 

Acho que a gente esquece de nutrir os vínculos. A gente esquece - ou desiste - de cultivar. E nisso a gente se abandona um pouco, né?! Vai perdendo sempre um pouco nessa troca constante de grupo - sempre mais próximos daqueles cuja conexão e a coerência é maior. Conviver em sintonia traz calma e paz, mas aprender a lidar com a discordância e pontos controvertidos nos aproxima mais da realidade da terra. 

E daí que hoje eu tô dando um valor danado pra gente que traz consigo e consegue manter sempre um pouco do que já viveu, em especial os amigos, inclusive em grandes números. E eu espero trilhar sempre valorizando o poder que é ter muitos aqui. A clássica frase: Pessoas são como rios, crescem quando se encontram.

Aos meus velhos e bons amigos: obrigada por carregarem em vocês essa lembrança viva que tenho de mim mesma. Olhar pra vocês é a celebração da minha própria conquista enquanto humana nesta terra.