Estamos no primeiro semestre do ano de 2020 e fomos surpreendidos
com uma pandemia que modificou o mundo. Ninguém que sair vivo disso conseguirá
ouvir falar de COVID-19 sem ter, no mínimo, um sentimento de instabilidade. Morte(s), sofrimento e descaso, esse seja por parte de autoridades públicas ou por
cada cidadão que descumpre as orientações dos especialistas. Além disso, no
Brasil, vivemos tempos sombrios com o aparelhamento militar do Estado e, com
isso, o caminho para um golpe pelo atual Presidente, que só desgoverna.
“São tempos sombrios, não há como negar”, já diria Rufo
Scrimgeour, o corajoso ministro da magia que conhecemos na saga Harry Potter.
.....
É, são tempos sombrios, especialmente nesse contexto, cujos
reflexos de uma sociedade doente foram potencializados. A doença? A paralisação.
Não sei como a história contará que a sociedade que mais teve
acesso à informação foi a que mais se perdeu, mas também não faço ideia de como
ela pode se encontrar.
Toda vez que surge alguma dúvida e, após procurá-la no
Google, obtenho a resposta em menos de 5 segundos, paro perplexa. Consigo ter acesso a informações que, em
tempos anteriores, pessoas pagavam seus milhares de dinheiros em consultoria
especializada para obtê-las.
Apesar disso, por muitas vezes, não consigo evoluir muito a
partir da pesquisa, guardo a informação em algum lugar do meu hipocampo e parto
para próxima pesquisa. Nessa brincadeira de “procura-acha”, nada se solidifica.
Após, com o excesso de informação, apenas paraliso. Estou com muito, mas também
estou com nada.
Esse cenário impulsiona, ainda, o descrédito da ciência. Não
há mais preocupação com a fonte da notícia e você consegue, a partir de apenas
uma chamada de matéria – sequer a matéria inteira –, escrever fervorosamente 20
linhas sobre um suposto medicamento de cura. “Afinal, por que a notícia sem
fonte que o tio mandou no WhatsApp não estaria certa e a ciência que estaria?” é
o pensamento contumaz ultimamente, acredite.
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