segunda-feira, 8 de julho de 2013

Culturando e Hippando

Sou fascinada por culturas, pela maneira como os seres humanos apresentam, entre si, características, filosofias e ideologias distintas, influenciadas por uma história individual de um grupo ou um povo. E falar em culturas, diferentes modos de vida, penso nas muitas pessoas que já passaram e passam por onde moro, Santarém (no Pará), e trazem um pouco da sua cultura pra cá. Os motivos da vinda, em sua grande maioria, é o fato de a Vila de Alter do Chão estar situada a alguns quilômetros daqui. Praia de areia branca, banhada pelo rio de água doce Tapajós, e possuidora de aspectos geológicos deslumbrantes, confesso. Toda uma propaganda para o lugar rs, mas é bonito mesmo! E são viajantes e mochileiros de todas as partes do mundo, dentre eles, aquele grupo amante da natureza e da vida nada convencional: os hippies . Eles são importantes como exemplo para o que venho escrever hoje.
Estou com um grupo de amigos da Universidade em um projeto de pesquisa que tem como foco justamente o perfil da comunidade hippie encontrada na Vila de Alter do Chão. O motivo da pesquisa foi o fato de a presença deles ser constante, principalmente nos pontos turísticos (como a Orla da cidade e a já mencionada Vila de Alter), e pela ausência de um estudo ou análise antropológica acerca desse grupo. A pesquisa ainda não está completa, mas em uma conversa informal com um casal de hippies (não poderei citar nomes nem mostrar fotos, pois ainda não temos termos de consentimento) já observei tanta coisa, que o meu encantamento por esse estilo de vida ficou ainda maior.
É importante destacar que o movimento Hippie surgiu nos Estados Unidos, e foi espalhando-se pelo mundo, até chegar no Brasil. E falar em hippies é lembrar dos anos de 1960, do Woodstock, que ocorreu em agosto de 1969, das músicas, preferencialmente o rock psicodélico, como Janis Joplin, Jimi Hendrix, além de Rolling Stones e Beatles. Falando em música, uma característica marcante entre os hippies até hoje é a de sentar para tocar e cantar músicas, compartilhar sua ideologia e experiências nas viagens pelo mundo. Na conversa com o casal, inclusive, citaram que sempre fazem isso.
Além da música, da filosofia, tem o artesanato; muitas pessoas os procuram para comprar pulseiras, colares, bolsas, brincos, entre outros, feitos de materiais da natureza (sementes, por exemplo) ou até mesmo recicláveis. Durante a conversa, ouvimos histórias de passagens por vários lugares. (Ah, atenciosidade, claro! Vale ressaltar que são bastante atenciosos). Duas horas de uma conversa muito boa. Saí completamente maravilhada! Porém, infelizmente, a imagem daqueles que realmente vivem a filosofia hippie tem sido distorcida, estereotipada e generalizada com base no comportamento daqueles que apenas se denominam hippies, que não seguem as ideologias, que têm, na verdade, comportamento de marginais e só usam a denominação "hippie" para fazer uso da liberdade. Infelizmente acontece. Aqui em Santarém também, quantas vezes ouvimos comentários ruins sobre eles? Quantas pessoas os olham com um certo preconceito? Já vi bastante. Afinal, o Brasil em si já é um país que carrega uma boa quantidade de cidadãos preconceituosos. A verdade é que em todo lugar tem gente boa e tem gente ruim, até no meio deles, só não pode generalizar.
O movimento hippie é muito bonito, sugiro mesmo às pessoas que queiram descobrir, porque, deveras, você se encanta. Defendo sempre que qualquer cultura ou modo de vida diferente do nosso é válido de ser conhecido, todos devem fazer sempre um exercício antropológico de olhar a cultura do outro, de não julgar, observar e, se sentir vontade, maravilhar-se - como fiz. Vale a pena.
Retornarei à Vila de Alter do Chão ainda nesta semana, e terei contato com mais hippies, mais histórias e, quem sabe, farei um outro texto sobre o que descobri por lá nessa nova visita. Só adiantando que tenho quase certeza que voltarei mais encantada. É isso. Ninguém dá conselho "de graça", a não ser pai e mãe, mas hoje eu deixo um: conheçam outras culturas, não só pelos livros ou pela internet, conversem. Conhecimento é uma via de duas mãos, ao mesmo tempo que você aprende uma cultura, você ensina a sua também.
Ah, e como diria um dos lemas dos colegas hippies: "paz e amor, galera".

3 comentários:

  1. adorei o texto *-* e rumo à outras pesquisas mais o/

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  2. Texto muito bom. Parabéns!

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  3. Muito obrigada, meninas! Em breve, mais textos, e espero vocês por aqui.

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